19 de fevereiro de 2015

«Se depois de eu morrer» de Alberto Caeiro
BECRE XXI quinta-feira, fevereiro 19, 2015 0 comentários

«Se depois de eu morrer» (1913-1915)
Poema de Alberto Caeiro, in: Poemas Inconjuntos
Declamado por Mário Viegas
Música de Hecq
Videopoema por CinePovero2009

Hiperligação:
Casa Fernando Pessoa




Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, 
Não há nada mais simples 
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte. 
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus. 

Sou fácil de definir. 
Vi como um danado. 
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma. 
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei. 
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver. 
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras; 
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento. 
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais. 

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança. 
Fechei os olhos e dormi. 
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

Fonte:
Videopoesia

Publicado por José Fernando Vasco Professor Bibliotecário
Escola Secundária de Cacilhas-Tejo
2009-2013; 2014-...
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