22 de março de 2015

Poemas para a prova de leitura expressiva do Concurso Nacional de Leitura 2015 - fase distrital
BECRE XXI domingo, março 22, 2015 0 comentários


Divulgam-se os quatro poemas que constam da prova de leitura expressiva do
Concurso Nacional de Leitura 2015 - fase distrital.

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POEMA 1

«Liberdade»
Poema de Fernando Pessoa
in: Cancioneiro
VideoPoema por Produções Fictícias/Projeto Voz
Declamado por Raul Solnado

Hiperligação:
Casa Fernando Pessoa


Ai que prazer 
Não cumprir um dever, 
Ter um livro para ler 
E não fazer! 
Ler é maçada, 
Estudar é nada. 
Sol doira 
Sem literatura 
O rio corre, bem ou mal, 
Sem edição original. 
E a brisa, essa, 
De tão naturalmente matinal, 
Como o tempo não tem pressa... 

Livros são papéis pintados com tinta. 
Estudar é uma coisa em que está indistinta 
A distinção entre nada e coisa nenhuma. 

Quanto é melhor, quanto há bruma, 
Esperar por D.Sebastião, 
Quer venha ou não! 

Grande é a poesia, a bondade e as danças... 
Mas o melhor do mundo são as crianças, 

Flores, música, o luar, e o sol, que peca 
Só quando, em vez de criar, seca. 

Mais que isto 
É Jesus Cristo, 
Que não sabia nada de finanças 
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fonte:

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POEMA 2

«O Mostrengo»
Poema de Fernando Pessoa
in: Mensagem (1934)
Declamado por Vítor de Sousa
Videopoema por HomemDeMuge

Hiperligação:



O mostrengo que está no fim do mar 
Na noite de breu ergueu-se a voar; 
A roda da nau voou três vezes, 
Voou três vezes a chiar, 

E disse: «Quem é que ousou entrar 
Nas minhas cavernas que não desvendo, 
Meus tectos negros do fim do mundo?»  
E o homem do leme disse, tremendo: 

«El-Rei D. João Segundo!» 
«De quem são as velas onde me roço? 
De quem as quilhas que vejo e ouço?» 
Disse o mostrengo, e rodou três vezes, 

Três vezes rodou imundo e grosso. 
«Quem vem poder o que só eu posso, 
Que moro onde nunca ninguém me visse 
E escorro os medos do mar sem fundo?» 

E o homem do leme tremeu, e disse: 
«El-Rei D. João Segundo!» 
Três vezes do leme as mãos ergueu, 
Três vezes ao leme as reprendeu, 

E disse no fim de tremer três vezes: 
«Aqui ao leme sou mais do que eu: 
Sou um povo que quer o mar que é teu; 
E mais que o mostrengo, que me a alma teme 

E roda nas trevas do fim do mundo, 
Manda a vontade, que me ata ao leme, 
De El-Rei D. João Segundo!»

Fonte:
VideoPoesia

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POEMA 3

«As Pessoas Sensíveis»
Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen
in: Livro Sexto (1962)

Declamado por SenhoraDonaMorte
Música por SenhoraDonaMorte
Videopoema de Serpente

Hiperligação:





As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
“Ganharás o pão com o suor do teu rosto” Assim nos foi imposto
E não:
“Com o suor dos outros ganharás o pão”
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoais–lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem


Fonte:
VideoPoesia

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POEMA 4

«Pelo Sonho É Que Vamos»
Poema de Sebastião da Gama
in: «Pelo Sonho É Que Vamos? (1953)

Declamado por Luís Gaspar
Videopoema por José Fernando Vasco feat. Quadrante Digital

Hiperligação:



Pelo sonho é que vamos,

Comovidos e mudos. 

Chegamos? Não chegamos? 

Haja ou não frutos,

Pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.

Basta a esperança naquilo 

Que talvez não teremos.

Basta que a alma demos,

Com a mesma alegria,
ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.

Fonte:
VideoPoesia

Publicado por José Fernando Vasco Professor Bibliotecário
Escola Secundária de Cacilhas-Tejo
2009-2013; 2014-...
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