24 de abril de 2015

O mirandês, a segunda língua oficial de Portugal
BECRE XXI sexta-feira, abril 24, 2015 0 comentários

“O processo de normalização do mirandês” foi o título da conferência proferida em 20 de abril, na Escola Secundária de Cacilhas-Tejo (ESCT), pelo linguista José Pedro Ferreira, investigador no Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada-Instituto de Linguística Teórica e Computacional (CELGA-ILTEC), Universidade de Coimbra), a convite da USALMA, em colaboração com a Biblioteca Escolar da ESCT e com o apoio da Associação 8 Séculos de Língua Portuguesa.


No começo da sessão, intervieram alguns dos presentes para evocar a personalidade e a obra de Amadeu Ferreira (1950-2015), pai do conferencista e grande impulsionador da normalização do mirandês. A Professora Alexandra Pedro pôde recordar uma palestra realizada em 2010, na ESCT, em que Amadeu Ferreira soube cativar os alunos do ensino regular com histórias, costumes e palavras da Terra de Miranda.

José Pedro Ferreira interveio logo depois para fazer uma breve contextualização histórico-geográfica do mirandês, apresentando-o como língua implantada no extremo oriental do distrito de Bragança e pertencente ao sistema dialetal asturo-leonês. Teceu em seguida considerações sobre o mirandês na atualidade, facultando dados sociolinguísticos relativos à situação de diglossia da população mirandesa (existe bilinguismo, mas o mirandês e o português ocupam âmbitos diferentes, limitando-se o primeiro à vida em família e no campo), a evolução demográfica (progressiva perda de falantes) e a presença da língua no currículo das escolas locais. O conferencista definiu ainda as etapas do processo de normalização do mirandês – de língua ágrafa (sem tradição escrita), antes de finais século XIX, até aos estudos pioneiros do grande filólogo que foi J. Leite de Vasconcelos (1858-1941), os quais marcaram o arranque de um processo que culminou na atribuição, em 1999, do estatuto de língua oficial em Portugal. O alargamento da esfera de usos (por exemplo, na Internet) e o aparecimento de uma literatura cada vez mais diversificada são aspetos a salientar nas tendências de evolução recente deste idioma. 

Os tópicos abordados foram uma oportunidade única para refletir sobre as várias dimensões que definem uma língua enquanto fator de construção identitária, não deixando de ter incidência nas próprias representações do passado e do futuro da língua portuguesa. José Pedro Ferreira conseguiu, assim, despertar o interesse de toda a assistência, como patenteou a pertinência das várias questões levantadas na discussão final.

Divulgam-se os dados relativos à avaliação da atividade:


Carlos Rocha
(texto)
Mário Neves
(fotografias 1 a 4)
José Fernando Vasco
(fotografia 5 e tratamento estatístico)


Publicado por José Fernando Vasco Professor Bibliotecário
Escola Secundária de Cacilhas-Tejo
2009-2013; 2014-...
Facebook
Google+

0 comentários

Enviar um comentário